2ª APARIÇÃOAs falas das moças causaram rebuliço. A mãe de Santa Bernadette advertiu-a. A vida já estava muito difícil e não dava para aprontar mais problemas. Santa Bernadette concordou, mas ele própria nadava na perplexidade. Teria sido uma ilusão? Ela quis voltar para tirar a dúvida.Conta Bernadette: "A segunda vez foi no domingo seguinte. Voltei com várias moças, para ver se não me tinha enganado. Eu me sentia muito constrangida interiormente. Minha mãe tinha-me proibido voltar. Depois da missa cantada, as outras duas jovens e eu fomos mais uma vez pedir licença à minha mãe. Ela não queria. Dizia-me temer que caísse na água. Temia que eu não voltasse para assistir às vésperas. Prometi que sim, e deu-me então a permissão para ir."Fui à paróquia, pegar uma garrafinha de água benta para jogá-la na visão quando estivesse na gruta, se a visse. E saímos para a gruta. Ao chegarmos lá, cada uma tomou o seu terço e nos ajoelhamos para rezá-lo. Apenas tinha acabado de rezar a primeira dezena, quando vi a mesma Dama".Somente Santa Bernadette via e ouvia Nossa Senhora."Então comecei a jogar água benta nela, dizendo que, se vinha da parte de Deus, que permanecesse; se não, que fosse embora; e me apressava sempre a jogar-lhe água."Ela começou a sorrir, a inclinar-se. Mais água eu jogava, mais sorria e girava a cabeça, e mais a via fazer aqueles gestos. Eu então, tomada pelo temor, me apressava a aspergi-la mais, e assim o fiz até que a garrafa ficou vazia."Quando terminei de rezar meu terço, Ela desapareceu e não me disse nada. Nós nos retiramos para assistir às vésperas".
3ª APARIÇÃO
Na terceira aparição Nossa Senhora falou por vez primeira a Santa Bernadette. E lhe pediu voltar quinze vezes.Santa Bernadette atendeu escrupulosamente o pedido de Nossa Senhora. Ela voltou regularmente durante quinze dias consecutivos à gruta.É a chamada "quinzena", a qual, aliás, foi bastante perturbada. Com efeito, sabendo das aparições, um grupo de figuras políticas, juízes, o chefe da polícia e outras personalidades, reunidos em associações anti-católicas empenharam-se em proibir que a jovem Bernadette fosse ao local nas datas pedidas pela Mãe de Deus.Chegou-se a acusá-la de doida e farsante. Um médico a acompanhou durante uma aparição para forjar um atestado de demência. Deu em nada, ou, melhor, num atestado da perfeita normalidade da saúde psíquica e somática da videnteSanta Bernadette certamente ter-se-ia sentido confortada se o pároco a tivesse apoiado com bons conselhos. Mas o clero da cidade ficou, de início, eriçado contra as aparições. O pároco implicava com elas e era até hostil. Tratava com ironia Bernadette e suas narrações. Depois haveria de mudar de idéia.O fato é que a "quinzena" foi atribulada. Santa Bernadette enfrentou as oposições com uma serenidade que superava as fracas forças da condição feminina e da idade. Na força de alma que externou nesses dias, já se apalpa ação profunda de Nossa Senhora sobre uma natureza inocente, reta e corajosa.As duas primeiras aparições transcorreram no silêncio. Nossa Senhora nada falou. Ela só revelaria seu nome no fim das aparições.Foi só na terceira ocasião que Ela disse uma coisa para Santa Bernadette. Eis como própria santa contou:
"Ela só me falou na terceira vez."Foi na quinta-feira seguinte: Fui ali com algumas pessoas importantes, que me aconselharam a pegar papel e tinta e lhe pedisse que, se tinha algo a me dizer, que tivesse a bondade de colocá-lo por escrito."Tendo chegado lá, comecei a recitar o terço. Após ter rezado a primeira dezena, vi a mesma Dama. Transmiti esse pedido à Senhora."Ela se pôs a sorrir, e me disse que aquilo que tinha para me dizer, não era necessário escrevê-lo. Mas perguntou-me se eu queria conceder-lhe a graça de voltar ali durante quinze dias. Eu lhe respondi que sim".Segundo Santa Bernadette, Nossa Senhora aparecia tal qual é representada na Medalha Milagrosa, mas sem os raios que saem das mãos.Na igreja paroquial havia uma imagem assim e Santa Bernadette disse que era como ela. A imagem encontra-se hoje exposta à veneração de todos no "cachot".
4ª APARIÇÃO
Santa Bernadette não escreveu pessoalmente o relato da quinzena de aparições que começou nesse dia.Redigiu apenas uma relação geral dos ditos e pedidos mais importantes de Nossa Senhora.Por isso, a partir deste ponto, a narração é uma composição de palavras da vidente e fatos testemunhados pelos presentes.A 4ª aparição foi silenciosa. Bernadette "saudava com as mãos e a cabeça. Dava gosto vê-la. Era como se na vida toda não tivesse feito outra coisa que não fosse aprender a fazer esses cumprimentos", testemunhou Josèphe Barinque, uma vizinha.Bernadette tinha um círio bento acesso. Este gesto, copiado em seguida pelos que assistiam às aparições, inspirou o costume atual de levar velas e acendê-las diante da gruta.Nesta quinzena, Nossa Senhora foi ensinando a forma de devoção que Ela queria que se praticasse em Lourdes
5 ª APARIÇÃO
Bernadette chegou a Massabielle por volta das 6:30h.Desta vez, havia cerca de 30 testemunhas. Teve um êxtase de 40 minutos.Voltando para casa com sua mãe, confiou-lhe que a Senhora "teve a bondade de ensinar-lhe, palavra por palavra, uma oração somente para ela". Ela a rezou todos os dias de sua vida, sem nunca revelá-la.
6ª APARIÇÃO
A Dama se apresentou a Bernadette pela manhã, por volta das 7:10h. Cerca de 100 pessoas estavam no local.A privilegiada vidente escreveu: "Esta rainha misericordiosa me disse também para rezar pela conversão dos pecadores. Ela me repetiu várias vezes essas mesmas palavras".Santa Bernadette repetiu que em mais de uma vez Nossa Senhora "disse-me também que não me prometia tornar-me feliz neste mundo, mas no outro".
A cidade Lourdes entrou em alvoroço. Circulavam as mais dispares interpretações sobre quem ou o quê era essa Dama de branco. Os anti-católicos não suportavam a retomada do fervor católico.À tarde, o delegado de polícia Dominique Jacomet submeteu a vidente a um grosseiro e ameaçador interrogatório, exigindo-lhe que se retratasse, sob pena de prisão.Bernadette não se intimidou e respondeu com segurança, desmontando suas ciladas. No fim do interrogatório, o policial a proibiu de voltar à gruta. O pai da vidente cedeu à pressão, e também proibiu.
A cidade Lourdes entrou em alvoroço. Circulavam as mais dispares interpretações sobre quem ou o quê era essa Dama de branco. Os anti-católicos não suportavam a retomada do fervor católico.À tarde, o delegado de polícia Dominique Jacomet submeteu a vidente a um grosseiro e ameaçador interrogatório, exigindo-lhe que se retratasse, sob pena de prisão.Bernadette não se intimidou e respondeu com segurança, desmontando suas ciladas. No fim do interrogatório, o policial a proibiu de voltar à gruta. O pai da vidente cedeu à pressão, e também proibiu.
No dia 22 de fevereiro não houve aparição. Nesse dia, soldados foram postos para vigiar os movimentos da vidente, prontos a prendê-la caso regressasse à Gruta de Massabielle. O apelo interior foi contudo mais forte, e à tarde ela ali acorreu. Esta sua decisão foi confirmada em confessionário pelo Pe. Pomian. Mas Nossa Senhora não apareceu, e Bernadette parecia desfeita: "Não sei no que eu faltei a esta Dama". Entrementes, no fim do dia a cidade estava agitada contra a interdição policial. O prefeito achou melhor suspender a proibição.