sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Nsa. Senhora de Lourdes

1ª APARIÇÃO
Quinta-feira, dia 11 de fevereiro de 1858, um dia como outro qualquer. Eram 11 horas da manhã quando Bernadete observou que tinha acabado a lenha. Seu pai estava deitado. Não tinha trabalho. Economizava as forças para outro dia. O tempo não estava bom. Chuviscava e havia nevoeiro. Logo apanhou a capa, chamou sua irmã Toinete e convidou Joana Abadie, uma moça grande e forte, filha do pedreiro, para acompanha-la.
A mãe proibiu: "Bernadete, não".
Ela pensava no frio que fazia e que poderia trazer conseqüências à asma de sua filha. Mas Bernadete insistiu carinhosamente, dizendo-lhe que teria cuidado, que iria com o capuz branco e o chale. A mãe acabou concordando.
Saem as três meninas no afã de cumprirem a tarefa, catando galhos e gravetos de lenha e ossos de animais, colocando estes dentro de um cesto, para vendê-los, à velha Letchina.
Passam pela pradaria do Paraíso, a ponte do canal que movimenta o moinho Savy, entram na pradaria do senhor La Fitte e chegam na ponta de areia do rio Gave. À esquerda levanta-se uma rocha íngreme com uma gruta na base. É Massabieille. Embora chamada de gruta, na verdade ela é constituída de uma acentuada concavidade na rocha. A água do canal que movimenta os moinhos, banha-lhe o lado esquerdo e segue em direção ao Gave. Joana joga os ossos para o outro lado e passa pelo canal com o pequeno feixe de lenha na cabeça. Toinete, faz a mesma coisa, levando a lenha na mão. Como do outro lado as duas se manifestaram dizendo que a água do canal estava muito gelada, Bernadete permaneceu ali, sem saber o que fazer, com receios de pisar na água fria, por causa da sua asma, lembrando-se das recomendações da mãe.
Enquanto as duas corriam pela praia do Gave apanhando lenha e ossos, ela depois de procurar sem êxito, um lugar melhor para atravessar, sentou-se na margem do canal, em frente à gruta, tirou uma das meias e preparava-se para tirar a meia do outro pé, quando de repente, ouviu um barulho, "como se fosse um pé de vento". Não vê nada. Olhou para trás e observou que as folhagens dos arvoredos não se mexiam.
Curva-se para tirar a segunda meia. Ouve o mesmo barulho e vê em sua frente agitarem-se os ramos de uma roseira selvagem, que estava enraizada num nicho profundo situado aproximadamente a 3 metros de altura, do lado direito na entrada da gruta.
Seguiu-se uma "luz suave" que iluminou profusamente todo aquele lugar sombrio e no meio dela, surge uma DAMA maravilhosa, com idade entre 16 e 18 anos, vestida de branco . Abre os braços num gesto de acolhimento, como se estivesse convidando-a à aproximar-se. Ela fica espantada. É como se tivesse medo, "não para fugir explica melhor, mas pela emoção do inusitado e adorável encontro". Esfregou os olhos diversas vezes, para inteirar-se que não era um sonho e que realmente estava diante de uma visão encantadora, que lhe sorria afetuosamente.
Então conta, Bernadete:
- '' Coloquei a mão no bolso e encontrei o terço. Queria fazer o Sinal da Cruz, mas não pude levar a mão à testa. A mão caiu-me. O espanto apossou-se de mim mais fortemente, a minha mão tremia. A visão fez o Sinal da Cruz. Então tentei a segunda vez e pude. Logo que fiz o Sinal da Cruz, a grande comoção que sentia desapareceu. Pus-me de joelhos e rezei o terço na presença dessa linda Senhora. A Visão fazia passar as contas do Seu Terço com os dedos, mas não mexia os lábios. Quando acabei o terço, ELA fez um sinal para aproximar-me. Mas não ousei. Então desapareceu de repente".
Depois do extraordinário acontecimento, Bernadete sentiu uma imensa felicidade que envolveu completamente a sua alma de uma deliciosa satisfação que lhe tirava todas as forças, para qualquer iniciativa.
Olhou para os pés e viu que havia retirado uma das meias, enquanto a outra pendurava do pé. Vagarosamente retirou-a, relembrando aqueles inesquecíveis momentos que acabava de viver. Com uma imensa sensação de paz no coração, atravessou o regato sem dificuldades, as águas estavam ligeiramente "aquecidas". Sentou-se numa das grandes pedras que se encontravam na entrada da gruta e permaneceu silenciosa e pensativa.
Voltam suas companheiras com uma boa provisão de lenha e de ossos e começam a dançar e pular na entrada da gruta, para comemorar o êxito da missão.
Não gostando de vê-las assim, para distrai-las pergunta:
- "Não viram nada"?
- "E tu, que é que viste"?
Ela compreende o mistério que acabava de acontecer e sente que terá que guardar este segredo, e por isso muda de assunto:
- "Sois umas trocistas. Disseram que a água do canal estava fria, achei-a agradável, estava morna".
Toinete e Joana não a levaram a sério, porque quando atravessaram o canal, a água estava tão gelada, que do outro lado tiveram que esfregar os pés, fazendo massagem para aquecê-los.
Joana, sem mais conversa, apanhou o seu feixe de lenha e o cesto de ossos e empreendeu rapidamente o retorno. As duas irmãs ficaram para trás.
Ela sentindo necessidade de falar, de contar aquela maravilhosa experiência, em duas palavras narra tudo a Toinete. Mas a irmã não acredita e pensa que Bernadete está querendo incutir-lhe medo. Pega a lenha e os ossos e também acelera o passo para casa.

- ''Mas assim que chegaram às suas casas, a primeira coisa que contaram foi que eu tinha visto uma Dama vestida de branco. Esta foi a primeira vez”.