terça-feira, 14 de abril de 2009

Devoção a Maria Santíssima VI

Damos seguimento à transcrição de trechos do livro Glórias de Maria,(*) de Santo Afonso Maria de Ligório, que trata da confiança que devemos ter em Nossa Senhora, ainda maior por ser Ela a nossa Mãe.

Maria é nossa Mãe espiritual. Não é sem motivo e sem boa razão que os servos de Maria a chamam de mãe. Parece até que não sabem invocá-la com outro nome, nem se fartam de sempre lhe chamar de mãe. Sim, mãe porque é verdadeiramente nossa mãe, das nossas almas e da nossa salvação.

O pecado, quando privou a nossa alma da divina graça, a privou também da vida. Estávamos, pois, miseravelmente mortos quando veio Jesus, nosso Redentor, com excessiva misericórdia e amor, restituir-nos a vida pela sua morte na cruz. Ele mesmo o declarou: “Eu vim para elas (as ovelhas) terem a vida, e para a terem em maior abundância” (Jo 10, 10).

“Em maior abundância” porque, dizem os teólogos, Jesus Cristo, com a Redenção, trouxe-nos maior bem do que o mal que Adão nos causou com o seu pecado. Assim, reconciliando-nos Ele com Deus, se fez pai das almas na nova Lei da graça, como já estava profetizado por Isaías ao chamá-lo de “Pai do futuro e príncipe da paz” (Is 9, 6). Mas, se Jesus é pai de nossas almas, Maria é a mãe. Pois, em nos dando Jesus, deu-nos Ela a verdadeira vida. Em seguida proporcionou-nos a vida da divina graça, quando ofereceu no Calvário a vida do Filho pela nossa salvação.

Em duas diferentes ocasiões, portanto, tornou-se Maria nossa mãe espiritual, como ensinam os Santos Padres. Primeiramente, quando mereceu conceber no seu ventre virginal o Filho de Deus, conforme diz Santo Alberto Magno. E, mais distintamente, nos adverte São Bernardino de Sena com as palavras: “Quando a Santíssima Virgem deu à anunciação do Anjo seu consentimento, pediu a Deus vigorosissimamente a nossa salvação [...]”.

Falando do nascimento do Salvador, diz São Lucas que Maria deu à luz o seu Filho primogênito (Lc 2, 7). Logo, observa certo autor, se o Evangelista afirma que então a Virgem deu à luz o primogênito, deve-se supor que depois teve outros filhos? Mas é de fé, continua o mesmo autor, que Maria não teve outros filhos carnais além de Jesus. Deve, por conseguinte, ser mãe de filhos espirituais, e esses somos todos nós. Isto mesmo revelou o Senhor a Santa Gertrudes [...].

Alegrai-vos, portanto, todos os que sois filhos de Maria. Sabei que Ela aceita por filhos seus quantos o querem ser. Exultai! Como temer por vossa salvação, tendo esta mãe que vos defende e protege? Afirma São Boaventura: Todo aquele que ama essa boa mãe, e em seu patrocínio confia, deve reanimar-se e dizer: “Que temes, minha alma? Não; não temas, porque a tua causa não se perderá. Pois a sentença está na mão de Jesus, que é teu irmão, e na de Maria, que é tua mãe!”

A este respeito exclama cheio de alegria e nos anima Santo Anselmo: “Ó bem-aventurada confiança, ó seguro refúgio! A mãe de Deus é minha mãe! Que certeza tem a nossa esperança, já que nossa salvação depende da sentença de um irmão tão bom, e de uma tão compassiva mãe!”

* Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria, Editora Vozes, Petrópolis, 1957, pp. 23 e ss.
Fonte: Revista Catolicismo